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Empreendedorismo feminino: a importância de um ambiente colaborativo para desenvolver negócios

Foto: divulgação

O mês de novembro traz um tema que proporciona diversas discussões. Mulheres cada vez mais têm conquistado sua voz e seu espaço na sociedade, principalmente no empreendedorismo. Especificamente no dia 19 deste mês é comemorado o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino e, como um único dia não seria suficiente, produzimos uma série com 30 entrevistas de mulheres fantásticas para falar sobre o tema. 

A convidada de hoje é Maria Eduarda Boaventura, empreendedora criativa na Enxame Colaborativo, espaço colaborativo de marcas de Blumenau e região. Confira abaixo:  

Como surgiu a Enxame Colaborativo? 

Sou formada em moda e, trabalhando em indústria, percebi que muita coisa não fazia sentido pra mim, em relação a sustentabilidade e consumo consciente, assim como a relação empresa x funcionário. E isso foi gerando um incômodo. Eu e o Roberto, meu namorado, tínhamos vontade de fazer algo que não sabíamos ao certo o que, então fomos juntando grana para que na hora que a gente tivesse uma ideia, estivéssemos preparados financeiramente para colocar a ideia em ação. Mas queríamos algo que a gente realmente curtisse e que pudéssemos crescer junto com outras pessoas. Eu já conhecia o formato de loja colaborativa de São Paulo e sempre comentava com o Roberto. E foi numa viagem pra lá que pude levar ele pra conhecer e na hora já tivemos a certeza que isso era o que a gente procurava! 4 meses depois abrimos as portas!

Quais são os desafios de empreender como mulher? Que dicas pode dar para quem quer começar?

A mulher, infelizmente, já tem uma carga mental enorme, e empreendendo isso só aumenta. Aí junta com a síndrome do impostor e a treta está feita! Por isso é tão importante ter amigas empreendedoras para trocar ideias e entender que nossas dificuldades, podem ser as mesmas das outras. Assim não nos sentimos sozinhas. Respeitar seus limites e seus horários de trabalho é muito importante, mesmo que a sociedade ache que a gente, enquanto mulher empreendedora, deve trabalhar 7 dias por semanas, 24h por dia!

Entre expectativa e realidade, o que você esperava quando começou e o que de fato é?

Empreender é sem dúvidas um ato de coragem! Não dá pra romantizar e dizer que é só alegria, mas também não dá pra dizer que é só treta. Não sei ao certo o que esperava, mas percebo como a minha relação com o empreendedorismo amadureceu. Claro que tem momentos e períodos que são puxados e estressantes, mas no geral, hoje consigo manter um bom equilíbrio entre vida de empreendedora e vida pessoal, e isso é muito importante pra mim.

Que importância o impacto social que seu negócio causaria teve durante a idealização?

Nossa ideia sempre foi crescer junto com mais pessoas, e assim é. Nós valorizamos o consumo consciente e pequeno empreendedor da região.  E é muito gratificante ver tantos negócios crescendo juntos, assim como ver o desenvolvimento das empreendedoras.

Quais as lições de se criar um empreendimento voltado ao colaborativismo?

É preciso pensar menos em competição e mais em colaboração. O futuro é pautado pelo desenvolvimento sustentável, é muito importante pensar nos três pilares: social, financeiro e ambiental. E é tentando equilibrar esses três que é possível sim,  um futuro mais colaborativo!

A moda é um dos segmentos com maior adesão feminina, esse cenário trouxe mais segurança para decidir empreender?

Minha formação é moda, então é natural que eu acabe pensando nesse segmento. Mas a Enxame conta com vários outros segmentos. Nosso objetivo é valorizar as empreendedoras da região.

Como a pandemia impactou o negócio e quais estratégias foram adotadas?

Durante a pandemia conseguimos agir rápido e mudar nosso formato de vendas. No primeiro momento começamos a fazer entregas. Mesmo quando pudemos abrir a loja, optamos por diminuir o horário de atendimento e atender apenas pela janela e com entregas. Foi a forma que achamos mais segura e que fazia sentido para o momento. Hoje estamos atendendo normalmente. Foi um período em que os planos tiveram que ser mudados muitas vezes. E tudo foi pensado na nossa segurança e de forma que fizesse sentido também para as marcas parceiras. Nesse período também criamos nosso e-commerce, que foi muito importante para passar por esse período. O pior da pandemia pode ter passado, mas com certeza, vamos sentir os impactos por muito tempo. A forma de consumir mudou, assim como o cenário financeiro.

Muito se aborda sobre o mercado ser difícil para mulheres, como você acredita que podemos mudar essa visão e abrir espaço para o empreendedorismo feminino?

Tudo que fazemos é político! O comprar é político. A forma como você compra é totalmente importante e diz muito sobre você. Por isso, não existe outra forma, a não ser valorizar, apoiar e comprar de mulheres! É preciso entender que tudo que compramos causa impacto, e aí vai da gente procurar saber se o impacto é negativo ou positivo. Pensar se vale a pena comprarmos de uma empresa que não paga bem suas funcionárias, ou de uma empreendedora que valoriza todos os envolvidos. Claro, nem sempre podemos escolher de quem comprar, mas sempre que puder COMPRE DE UMA MULHER! Outro aspecto importante de lembrar é que o empreendedorismo feminino nem sempre é uma escolha. Algumas vezes é a única opção para algumas mulheres que são demitidas quando têm filhos, que não tem creche para deixar os filhos ou que estão cansadas de ganhar menos do que homens no mesmo cargo.

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