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Turismo de SC, roteiro a procura de um autor

Foto: Marco Cezar

“O turismo catarinense é um roteiro a procura de um autor”, dizia Luiz Henrique da Silveira.

Essa frase lapidar daquele que, sem dúvida, foi o “autor” da Santa Catarina que conhecemos neste século, me foi lembrada há alguns dias pelo amigo, ex-deputado e ex-colega de secretariado LHS, Dado Cherem. Um pensamento que, absolutamente, permanece atual e que é uma boa inspiração para este artigo.

Luiz Henrique disse a frase porque tinha a mais profunda convicção de que Santa Catarina é o estado brasileiro com a maior diversidade de atrações e destinos turísticos do país.

Falava das praias, promontórios e ilhas dos 550 quilômetros de Litoral, das montanhas próximas do mar com belezas inigualáveis, “terra do leite e do mel”, uma definição também de LHS, das cidades, tradições e festas europeias dos nossos vales e planaltos, gente de todos os lugares do mundo, gente catarinense, os ricos campos e coxilhas da Serra e do Grande Oeste, cenários cinematográficos, termais, de turismo rural, um lugar onde um dia se observa baleias, no outro se brinca na neve, enfim, um dos mais belos destinos do planeta.

E, neste momento, quando a pandemia arrefece em números, por causa da vacinação, mas ainda nos provoca temor por causa de cepas e variantes, o sonho de viajar para Santa Catarina povoa os sonhos de boa parte dos brasileiros. Mas que para isso aconteça, o turista precisa ter a absoluta tranquilidade de que está indo para um lugar seguro. Infelizmente, o número de 150 mil “fujões” que não apareceram para tomar a segunda dose da vacina não ajuda em nada.

Outra medida que precisa ser tomada, e tem que ser agora, é investirmos na busca do turista paulista, aquele que tem o maior poder aquisitivo do país e que poupou R$ 20 bilhões na quarentena para viajar, de acordo com o Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET) da Secretaria que dirijo naquele estado.

Segundo estudos do mesmo CIET, Santa Catarina aproveita muito pouco de todo seu potencial turístico e da proximidade com São Paulo, que é o maior emissor de turistas e viajantes do país.

No ranking dos estados brasileiros que mais recebem paulistas, SC fica em 12º lugar e os paulistas ficam na 4ª colocação entre aqueles que mais nos trazem turistas, contando aí, os próprios catarinenses, gaúchos e paranaenses.

Para efeito de comparação, estados turísticos do Nordeste, como Ceará, Bahia e Pernambuco, têm nos paulistas o 2º maior contingente de turistas, além de seus próprios coestaduanos.

Alguns poderiam argumentar que RS e PR ficam mais perto do que SP, porém é outro número revelado pelo CIET que mostra o quanto estamos perdendo: apenas 16,7% de todo o faturamento de Santa Catarina com o turismo vem dos paulistas, enquanto que em Pernambuco são 26,8%.

Ou seja, não é uma questão de distância. É uma questão de estratégia e marketing. Sem exageros, pode-se dizer que atrair os paulistas poderia cobrir em boa parte as perdas que temos com a ausência dos argentinos, e não se sabe ainda por quantos verões.

Trocando em miúdos, voltamos à frase de Luiz Henrique. O turismo tem que ocupar o centro da pauta catarinense e não só pode como deve ser a grande alavanca de desenvolvimento sustentável do nosso estado, tão forte quanto a indústria, o agronegócio, o comércio e a tecnologia. Porém, por incrível que pareça, Santa Catarina hoje em dia não tem sequer uma Secretaria de Turismo.

É por essas e por outras que a frase lapidar de Luiz Henrique continua a soar pelos quatro cantos do estado que é um dos mais belos destinos do mundo: “O turismo catarinense é um roteiro a procura de um autor”.

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Secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo.

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