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“Nós queremos mulheres na liderança de empresas de tecnologia”

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Escritório da B2MAMMY. Foto: Marina Leite.

Não tem como negligenciar o tema e como de maneira geral sensibiliza qualquer mulher, o artigo de hoje eu compartilho com Gabriela Tedesco, administradora pela Cass Business School, a escola de negócios da City University of London e que atualmente é analista de marketing e relacionamento com investidores na Invisto. Interessante ressaltar que ela viveu os últimos 9 anos fora do país e tem muitas histórias para contar. 

Sua experiência na Europa começou com o college (que é o equivalente ao nosso ensino médio) na Inglaterra no IB (International Baccalaureate). Na sequência fez a faculdade na Cass Business School onde a cadeira de vivência prática foi em Brisbane na Austrália, na Queensland University of Technology. Na finalização da graduação, após a defesa de sua tese de conclusão de curso, com o tema das criptomoedas, foi contratada pela  AlphaSkill empresa especializada em Private Equity com escritórios em Londres e Munique. 

Enfim, Gabi é super jovem mas já tem uma trajetória linda e invejável e hoje divide comigo a responsabilidade de educar investidores com o propósito de investir em tecnologia e inovação, além de direcionar também esforços para a busca de empresas que tenham no seu comando mulheres. E mais uma vez, mesmo para alguém super jovem, o tema encanta ao mesmo tempo que preocupa, dado a desproporcionalidade dos números.

Eis que essas são, então, as palavras da Gabi: “Nós queremos mulheres na liderança de empresas de tecnologia”. Neste momento estamos no fundraising de um novo fundo de venture capital, que tem o objetivo de captar R$ 100 milhões para serem investidos em empresas de inovação e tecnologia do sul do Brasil, com alto potencial de crescimento.

Parte deste fundo será direcionado para startups chefiadas por mulheres e isso nos motiva a encontrar essas possíveis candidatas, o que de certa forma tem se mostrado um desafio.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelas mulheres neste setor, algumas empreendedoras e líderes conseguiram romper barreiras e decidiram, através do compartilhamento de suas experiências, ajudar a empoderar outras mulheres. O foco deste artigo, além de contar um pouco da minha história, tem também o objetivo de expor iniciativas que podem mudar a realidade das mulheres na tecnologia. 

De acordo com a pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, publicada na Infomoney, as mulheres representam 50% dos empreendedores em estágio inicial e 43,5% dos empreendedores estabelecidos no Brasil.

24 milhões de mulheres empreendendo no Brasil e, em 2020, a Associação Brasileira de Startups (ABStartups) mapeou mais de 12 mil empreendimentos no país. Diante disso, identificou que apenas 15,7% têm à frente uma mulher. 

Segundo uma pesquisa da plataforma de inovação Distrito, que foi publicada também na InfoMoney, a participação de mulheres como sócias de startups fica apenas entre 11% das fintechs e 25% das legaltechs.  No ano passado, apenas 2,3% do capital foi para startups que tinham ao menos uma mulher no quadro de fundadores, segundo Crunchbase.

Conforme estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que foi publicado na Forbes, as mulheres irão ultrapassar os homens em termos de representatividade na força de trabalho no Brasil na próxima década. Para garantir que uma proporção razoável destas ocupações sejam empregos de alto nível, há muitos problemas a serem endereçados. É por isso que cada vez mais estamos vendo iniciativas que visam incluir, motivar e capacitar mulheres na área de tecnologia. 

Segundo pesquisa da Spencer Stuart Board que foi compartilhada pela Economic News Brasil, pela primeira vez, todas as empresas que compõem o índice de ações americanas S&P 500 têm ao menos uma mulher no conselho, isso é poderoso. Em dezembro do último ano, a Petrobras lançou seu primeiro Plano de Equidade de Gênero com ações para a promoção da diversidade e programa de mentoria para lideranças femininas, que tem o objetivo de apoiar o desenvolvimento de mulheres a cargos mais altos. 

A XP Inc. criou o coletivo feminino MLHR3, que fomenta grupos e comunidades internas para discussões e implementação de ações, treinamento para lideranças, e mentoria de carreira para mulheres. A Microsoft Brasil começa a investir, por meio de seu braço de venture capital, em startups que tenham ao menos uma mulher entre os sócios.

Temos visto também essa mudança em fundos de venture capital, como a Maya Capital de duas jovens gestoras mulheres e que também criaram um programa gratuito, a Female Force, focado em conectar mulheres e capacitá-las em temas essenciais para a tração de startups. O Nubank é um exemplo de startup com uma co-fundadora poderosa, que hoje é CEO de um unicórnio brasileiro. Cristina Junqueira, além de virar capa da Forbes, estava grávida de 40 semanas na foto da revista. O que para muitos pode ser apenas uma foto, para nós mulheres, isso mostra que até mesmo o que o mercado de trabalho acredita ser uma desvantagem ou instabilidade, não impede mulheres de serem excelentes profissionais e líderes.  

A B2Mamy, de São Paulo que tem como CEO a super Dani Junco, é a primeira aceleradora que capacita e conecta mães ao ecossistema de inovação e tecnologia através do seu programa de aceleração de startups, B2Mamy Pulse, que também é powered by Google for Startups. Ela visa capacitar mães com uma metodologia única, com ferramentas e soluções para prototipar e validar o seu produto/serviço de forma a encontrar seu mercado e desenvolver o seu negócio. 

No Sul do Brasil, temos visto iniciativas como o grupo temático Mulheres ACATE, que este ano está organizado em comitês específicos como o de Capacitação, de Vagas & Oportunidades e de Negócios, este último coordenado por mim e Flávia Bitencourt. Esse comitê está lançando uma série de eventos gratuitos e abertos ao público, iniciado em 14 de abril, com a primeira edição sobre como fazer um pitch Inesquecível e na sequência sobre investimentos anjos.

É fato que já tivemos esse tema por aqui, mas é interessante notar que em poucas semanas, nossos novos integrantes da equipe já perceberam alguns dos desafios enquanto gestores de tecnologia. Recentemente participamos de um evento, onde o CEO de uma dessas empresas inovadoras com uma trajetória brilhante, tão jovem quanto a Gabi, narrava sua história.

Naturalmente, expôs que em determinado momento ele e seus sócios tomaram a decisão de negociar um percentual de sua empresa a fim de trazer para o dia a dia a experiência de investidores profissionais que pudessem ajudá-los a crescer, para aprender e errar menos com pessoas mais experientes e que juntos pudessem estruturar os próximos passos e crescer.

Esse tipo de iniciativa deve também ser estimulado entre empreendedoras, mulheres no comando de suas empresas. Naturalmente oferecer a oportunidade de investidores fazerem parte dos seus negócios e progressivamente ajudá-las a crescer e desenvolver seus negócios.

Trata-se de uma jornada conjunta, que alia vivência operacional e paixão pelo negócios, com governança corporativa e estratégia futura. 

Muitos são os grupos que estimulam esse tipo de discussão e oportunidade, como o próprio Mulheres Acate, Anjos do Brasil e tantos outros que promovem eventos de capacitação e se conectam com mulheres que já estão nesse meio há mais tempo, para que possam crescer juntas. Fica a dica, conecte-se.

Leia mais artigos de Marina Leite clicando aqui.

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Investidora com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro e head de relações com investidores da Invisto

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