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12 mulheres catarinenses que têm rompido barreiras no mercado de trabalho

Foto: Rawpixel.com/AdobeStock

Mais do que qualquer outro dia, 8 de março é marcado por histórias de mulheres que continuam a romper barreiras no empreendedorismo e em áreas ainda dominadas por homens.

Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), as mulheres brasileiras têm 34% a mais de probabilidade de concluir o ensino superior em relação aos homens, mas têm menos chances de conseguir um emprego.

Já um outro estudo, feito pela consultoria Kantar, mostra que 59% dos brasileiros não se sentem confortáveis com uma mulher como CEO.

Apesar dos números, cada vez mais exemplos surgem de mulheres querendo romper essas barreiras. Reunimos algumas histórias de catarinenses que mostram como é o desafio de seguir em frente para realizarem seus sonhos. Confira abaixo:

INCENTIVO À CIÊNCIA E COMPUTAÇÃO

Em Joinville, encontramos Gisely Feubach Otoni, formada em Ciências da Computação. Além de lecionar na faculdade Anhanguera de Joinville nos cursos de Ciência da Computação, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Engenharia Elétrica e Engenharia de Controle e Automação, ela atende empresas como analista de qualidade de software e é autônoma na área de negócios de software e desenvolvedora. Além disso, atua como mentora em projetos de inovação na área de negócios e validação para startups. 

Anualmente, ela participa de eventos ligados a mulheres na tecnologia na cidade. O mais recente foi no ano passado, que reuniu mulheres e meninas que atuam na ciência. No mesmo ano, participou de um projeto para treinar apenas mulheres na área de programação para serem contratadas por uma empresa local. 

“Infelizmente, por motivos já mapeados, as mulheres ainda descontinuam suas carreiras na tecnologia após se formarem ou iniciarem as jornadas profissionais. É por isso que não me canso de incentivá-las, nas minhas aulas e nos projetos desenvolvidos, a se manterem na área, pois enquanto eu puder, serei sempre uma apoiadora e incentivadora de meninas e mulheres que desejam ingressar na carreira da tecnologia”, destaca. 

ENSINANDO A INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA

Karen Schafer, de Florianópolis, é formada em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e especialista em investimentos, além de sócia-diretora da Schafer Consultoria, Educação e Treinamento Financeiro que, há  cinco anos, vem impactando positivamente a vida de  seus clientes através da orientação com relação à forma de lidar com o  dinheiro.

Através de palestras, consultorias, treinamentos e mentoria de finanças comportamentais e investimentos, Karen busca despertar a consciência do poder que a experiência do dinheiro pode proporcionar às pessoas, provocando mudança de hábitos para uma vida financeira saudável. 

“Até não muito tempo atrás, mulheres não podiam nem ter conta em banco, imagine operar na bolsa. Não podiam trabalhar fora sem a autorização do marido, quem dirá empreender. E jamais eram incentivadas a falar sobre dinheiro ou mesmo podiam participar ativamente do planejamento financeiro do próprio lar. São anos e anos de atitudes de exclusão que nos deixaram cada vez mais longe desse tipo de conhecimento. Claro que já houve mudanças, mas a balança ainda é desproporcional nesse quesito. É com o trabalho que presto à sociedade que contribuo para essa transformação”, explica. 

DE WORKAHOLIC PARA VIDA EM EQUILÍBRIO

Também de Florianópolis, Luana Zatta Daniel é formada em turismo e hotelaria e possui MBA em Marketing. Durante 15 anos, trabalhou como executiva em contas e era diretora de vendas em uma multinacional americana no ramo de cosméticos.

Para aliviar o estresse e a ansiedade, buscou aulas de Yoga e terapias integrativas. O autoconhecimento que encontrou nas aulas e sessões, bem como o nascimento de sua filha, fizeram Luana se sentir desconectada do mundo corporativo, por mais que amasse seu trabalho. Foi a partir daí que decidiu abrir mão do emprego e se dedicar ao que passou a fazer sentido em sua vida. 

“Fiz os cursos de Reiki, Barras de Access, comecei a dar aulas de Yoga Adultos e Yoga Mamãe e Bebê, atender com as terapias, e quando me dei conta, era exatamente isso que queria seguir: ajudar as pessoas através do meu trabalho. Não foi algo planejado, simplesmente fui seguindo, até me sentir novamente parte e saber que esse é só o início de um novo propósito”, conta.

LIDERANÇA E MANUSEIO DE MAQUINÁRIO

Em Blumenau, Monique Maiara Kindel Roedel é líder do almoxarifado na Brandili, onde trabalha há 11 anos. No último ano, junto com outras colegas, fez um treinamento de empilhadeira, transpaleteira e rebocador elétrico. 

“Para alguns, as atividades que desempenho são consideradas para o gênero masculino. Mas eu incentivo minhas colegas a sermos o que quiser e temos o apoio dos nossos gestores para isso. Eu e mais duas colegas fizemos o curso. Somos as primeiras mulheres com esse tipo de capacitação na Brandili e estamos muito felizes por essa conquista”, comenta. 

A unidade da Brandili em Otacílio Costa também tem uma mulher à frente da gestão. Elizabeth Brandes é diretora comercial e marketing da empresa:

“Este é um trabalho que aconteceu naturalmente. Talvez porque a fundadora é mulher, Dona Lili, e ela sempre esteve muito presente e mostrou como é possível equilibrar o papel doce, generoso e acolhedor e, ao mesmo tempo, ser super batalhadora, comprometida, empreendedora e líder inspiradora. Faz parte da nossa cultura e do nosso jeito de ser este equilíbrio de gênero e a valorização da pessoa e do profissional”.

Geni Borges de Paula é outro exemplo dentro da empresa. Além de operadora de talharia, ela também é brigadista na equipe de atendimento de emergências da empresa. 

“Eu sempre lutei pelos meus sonhos e vou em busca do que desejo. E aqui tive apoio, tanto que estou na brigada desde 2005. Hoje, somos duas mulheres na brigada e incentivo minhas outras colegas a serem também ou a buscarem ser o que querem”, complementa. 

EMPREENDENDO NO MUNDO FINANCEIRO    

Indianara Buratto, de 33 anos, é investidora e empreendedora em Palhoça. Mas o caminho até o cargo atual foi longo. Começou a vida profissional como empregada doméstica. Posteriormente, conseguiu uma oportunidade para ser assistente comercial em uma instituição financeira, onde alcançou o cargo de gerente estadual de relacionamento.

Com a bagagem reunida durante os anos, ela viu que estava pronta para um novo passo: empreender, mesmo sem dinheiro. Foi então que, há cinco anos, criou a Creditar, uma empresa de crédito consignado privado e benefícios para empresas de médio e grande porte. No início desse ano, repaginaram a empresa e assumiram a nova identidade como Vallora

Com a mudança de estratégia, além do crédito consignado e vale alimentação/refeição, produtos ofertados desde a criação da empresa, a empresa passará a englobar serviços como vale transporte, vale combustível, plano de saúde, adiantamento salarial, benefício flexível, gestão de despesas e gestão de frota. 

“Muitas vezes ainda tenho que provar que não sou só um “rostinho bonito”. Numa mesa de negociação, não me intimido. Mostro que sei falar de economia, de investimentos, e falo de negócio de igual pra igual. Já ouvi piadinhas machistas e insinuantes, consigo reverter e, no fim, é um prazer ver que consegui o que eu queria. Nós, mulheres, estamos cada vez mais dominando o mundo dos negócios, o empoderamento feminino está em destaque, eu torço e apoio que cada vez mais as mulheres ocupem os cargos estratégicos das empresas, como também dominem o mundo do empreendedorismo”, ressalta. 

DE MÃE PARA FILHA

Com 37 anos de idade, formada em Administração e com especialização em Controladoria, Custos e Finanças, Andreia Eliete Caviguioli Voltolini comanda o Grupo Elian, empresa têxtil localizada em Jaraguá do Sul e que emprega cerca de 750 pessoas. Empresa familiar, fundada pela mãe, Eliete Caviguioli ao lado do marido, Francisco Caviguioli, em 1990, época em que quase não se falava em empreendedorismo feminino.

“Eu sempre incentivei ela a lutar pelo que ela queria e buscar seu espaço através de conhecimento, pois tinha certeza que isso faria com que ela encontrasse seu lugar. E isso aconteceu. Hoje ela é diretora executiva por mérito dela, pela dedicação e pelo amor que ela tem pelo negócio e não porque é filha dos fundadores. Desde muito cedo ela passou por vários setores para aprender, ganhar credibilidade e a confiança das pessoas”, afirma Eliete.

Ela e a mãe contam que nunca sofreram preconceito no trabalho pelo fato de serem mulheres, mas ressaltam que é desafiador por ainda ser um ambiente muito masculino. 

“Acredito que a mulher vem ganhando seu espaço relevante e ela faz a diferença. Meu conselho para as mulheres é: acreditem em si mesmas e se desenvolvam. É possível ser bem-sucedida quando você tem conhecimento de causa, experiência e conteúdo para agregar”, pontua Andreia.

As mulheres representam 53% do quadro total de colaboradores da empresa e 55% das lideranças são do sexo feminino. Muitas delas lideram grupos em que a maioria é masculina, como Tatiane Nunes, que iniciou na empresa como dobradora e hoje atua como coordenadora da área de logística, coordenando mais de 30 homens. 

Assim como a CEO, outras mulheres conquistaram cargos maiores por esforço próprio. Franciele Cole trabalha há 17 anos na empresa. Iniciou suas atividades como auxiliar na dobração e, hoje, é coordenadora de RH.

CONSTRUÇÃO CIVIL COM FOCO NAS MULHERES

Pensando no desconforto de muitas mulheres ao contratarem serviços de obra majoritariamente masculino, a engenheira Cristiane Marian resolveu criar uma empresa para e com mulheres. A Womma Engenharia, com sede em Florianópolis e escritórios em Mafra e no Paraná, oferece serviços diversos na construção civil, incluindo planejamento e execução de obras e projetos estrutural, hidrossanitário e elétrico. Além do atendimento a clientes mulheres, ainda conta com profissionais do sexo feminino na equipe. 

Segundo ela, a empresa nasceu, em 2019, após se deparar com mulheres tocando sozinhas suas obras residenciais ou em negócios dos mais variados setores:

“Nelas, vi todas passarem por situações que me trouxeram vários questionamentos. Percebi que muitas ficavam com receio de manifestar opinião ou fazer alguma objeção por, muitas vezes, não serem ouvidas”.

Atualmente, a empresa possui equipes mistas, com pedreira e ajudante homem, eletricista e ajudante acompanhado de pintora, e outras completamente femininas, o que também garante a elas acesso a esses ambientes de trabalho. 

De acordo com a engenheira, muitas profissionais de obra acabam tendo dificuldades de inserção no mercado:

“Quando perdem um parceiro ou precisam trabalhar só restam a elas fazer faxina ou cuidar de criança. Por que elas não podem construir, inclusive, ganhando mais? Muitas não o fazem por falta de oportunidade”, resume. 

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Jornalista e repórter do Economia SC

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