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Valorização de Bitcoin pode impulsionar fintechs catarinenses

Foto: MichaelWuensch/Pixabay

O último ano foi um marco para o Bitcoin (BTC) e parece que não vai mudar tão cedo. A criptomoeda bateu recorde de valorização e, em janeiro, chegou a operar na casa dos R$ 205.388,70.

Com isso, há quem possa aproveitar a boa maré. Essa é a visão do advogado Eduardo Bruzzi, responsável pelo setor regulatório de banking, payments & fintech da Lima Feigelson:

“A valorização do Bitcoin reflete uma maior institucionalização do mercado, isto é, o crescente interesse de investidores institucionais no setor de criptomoedas dentro de uma perspectiva estratégica de diversificação de portfólio de investimentos com exposição em criptoativos”.

As fintechs, startups que trabalham para inovar e otimizar serviços do sistema financeiro, compõem outro setor que pode ser impulsionado com a aproximação do Bitcoin do cotidiano. 

“Um dos pontos focais de discussão sobre criptoativos é o da usabilidade. O gerenciamento de carteira e custódia de Bitcoin não é algo simples, então cresce um movimento de fintechs que buscam soluções de liquidação do ativo em moeda fiduciária, realizando a intermediação, negociação e eventual custódia”, explica o advogado.

O QUE DIZEM AS FINTECHS

“As fintechs que mais se beneficiarão do crescimento do Bitcoin serão as exchanges, mercados de compra e venda da moeda. Outros segmentos já têm se impulsionado bastante com a evolução do sistema financeiro, principalmente em relação ao PIX e a vinda do open banking. Mas eu acredito que, para o usuário final, é um momento de manter a calma e entender que o Bitcoin tem um histórico de alta volatilidade, o que significa que deve ser encarado como um investimento de longo prazo. Em épocas de alta, a lógica seria para a venda da moeda e não para a compra. Também recomenda-se cautela para a aquisição da moeda em mercados confiáveis e já estabelecidos, evitando novos entrantes pelo risco de golpes e roubo das moedas”, comenta Piero Contezini, CEO do Asaas, fintech que oferece uma solução completa para gestão de cobranças, pagamentos e antecipações de recebíveis focada em profissionais autônomos, MEIs e micro e pequenas empresas. 

“Na minha opinião o ativo estará cada vez mais presente na vida das pessoas e as fintechs, pela sua velocidade de adaptação, serão as primeiras a trazer isto para o dia dia. Quando os grandes bancos passarem a operar o ativo, a credibilidade do mesmo irá aumentar e abrirá ainda mais o mercado para as startups”, ressalta Gustavo Raposo, CEO da Leve, fintech que tem como objetivo levar bem-estar financeiro para colaboradores de empresas.

BITCOIN NO UNIVERSO LITERÁRIO

Nem só fintechs e instituições financeiras estão de olho na criptomoeda. A tecnologia também entrou na mira do universo literário do escritor Rafael Boskovic, de Blumenau.

O romance recém lançado, intitulado Satoshi, baseado no criador homônimo do Bitcoin, conta uma grande conspiração envolvendo hackers, robôs de alta tecnologia, inteligência artificial, CIA e políticos influentes.

“A história do Bitcoin, por si só, é extremamente intrigante. Independentemente do seu futuro, o Bitcoin é provavelmente a revolução econômica mais impactante para a humanidade desde o surgimento da internet”, comenta o autor da obra.

A inspiração não acaba por aí. Para ele, a descentralização da moeda significa, dentre outras coisas, uma chance de proteção a indivíduos contra a opressão de governos tirânicos e contra a espoliação inflacionária das moedas nacionais:

“Aí você soma a tudo isso o fato de que o criador desse sistema fantástico é alguém que apareceu no mundo virtual por trás de um pseudônimo (Satoshi Nakamoto) e, pouco tempo depois, simplesmente desapareceu, deixando para trás, totalmente intocadas, carteiras de bitcoins que já ultrapassaram o valor de R$ 230 bilhões. É ou não é uma história sensacional? Me espanta o fato de não existirem mais livros, filmes e séries baseadas neste mistério real”.

Apesar de inspirador, desenvolver essa história foi um desafio. As três obras anteriores escritas por ele não têm relação alguma com o mundo tecnológico, o que tornou o tema central de Satoshi inédito para o autor. 

“Gosto de escrever ficção, mas sinto a necessidade de que as minhas histórias tenham fortes ligações com o mundo real. Neste caso eu contei com a ajuda de estudiosos e especialistas em criptomoedas, que revisaram o livro para garantir que não houvesse nada muito fantasioso”, complementa.

COMO FUNCIONA O BITCOIN E O QUE PODEMOS ESPERAR

O Bitcoin surgiu em 2008 com a proposta de substituir o dinheiro físico e tirar a necessidade de intermediação bancária em operações financeiras. 

A criptomoeda também foi criada com a intenção de ser um meio mais seguro e rápido para a realização de compras e transações.

Apesar de parecer um investimento promissor, especialistas orientam cautela. A moeda digital é vista como investimento de alto risco por sua volatilidade. Ao mesmo tempo que o Bitcoin atingiu seu pico de valor, neste mês, também viveu o maior crash de todos os tempos, chegando a cair US$ 9 mil em poucas horas.

Em agosto de 2020, a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), entidade que reúne empresas representativas de 80% do volume de transações com criptoativos no país, criou o Código de Conduta e Autorregulação Cripto, visando trazer maior segurança jurídica ao setor, a partir da organização e padronização de melhores práticas de governança. 

Por outro lado, a abertura do mercado e a diminuição da oferta gerada pelo halving  (fenômeno que faz com que a produção do Bitcoin seja cortada pela metade a cada quatro anos) acarretam uma maior valorização da criptomoeda. 

“As apostas da maioria dos analistas é de que tenhamos mais renovações de máxima histórica e mais entrantes, mantendo o fomento e gerando maior amadurecimento no mercado e espaço para o desenvolvimento de modelos de negócio (produtos e serviços) que absorvam instrumentos de finanças descentralizadas”, complementa o advogado, que iniciou a fala sobre o assunto na matéria.

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Jornalista e repórter do Economia SC

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