Siga nas redes sociais

Search

Cinco verdades sobre o cooperativismo de crédito

Marcelo Vieira Martins, CEO da Unicred União e colunista do Economia SC. Crédito das foto: Gabriel Richartz

O Banco Central estabeleceu metas para melhorar a competitividade, a inclusão e a transparência do sistema financeiro do país. Entre elas, prevê o aumento da participação das chamadas instituições não bancárias como as cooperativas de crédito, sinalizando a necessidade de abrir um mercado cujos ativos hoje se concentram 90% na mão de alguns bancos.

Um exemplo: das 700 instituições financeiras aptas até a metade de outubro para operar o PIX, 90% eram cooperativas de crédito, ou seja, a desconcentração já começou no novo sistema de pagamento instantâneo. 

A realidade é que a maioria das pessoas convive no dia a dia com as cooperativas de crédito e até passa todos os dias pelas agências na rua, mas nem todas conhecem as suas vantagens.

A cooperativa de crédito é uma instituição que faz a intermediação financeira como qualquer banco, captando depósitos e oferecendo crédito, conta corrente, cartões, previdência, seguros e outros, só que adiciona uma coisa chamada proximidade. Você não apenas conhece como escolhe quem dirige a instituição. 

Para simplificar, cito cinco razões para você pensar numa cooperativa de crédito ao escolher a sua instituição financeira: 

Você é o dono, igual a qualquer outro cooperado

Em uma cooperativa, o cooperado é o dono de uma quota, valor que ele investe para formar o capital da instituição e continua sendo dele até o dia em que sair – o dinheiro não fica para a cooperativa. Isso dá ao cooperado o direito de votar na assembleia que elege a diretoria e tomar decisões sobre os rumos da cooperativa, sendo que o voto de cada associado tem peso igual. 

O resultado retorna para o cooperado

Ao final de cada exercício, os cooperados decidem qual será o destino do resultado. Se a cooperativa for bem administrada e houver sobras, o valor pode engordar a quota capital ou retornar para os cooperados, dependendo da decisão tomada em assembleia. E o retorno é proporcional à confiança de cada um na cooperativa: quem participa mais, recebe mais. 

Outra diferença em relação aos bancos: uma série de regras de transparência permite aos associados acompanhar de perto a performance da cooperativa de crédito, inclusive com informações trimestrais publicadas no site do Banco Central. Você pode fiscalizar tudo o tempo todo, como em nenhuma outra instituição financeira. 

Como a cooperativa não visa lucro, as taxas são menores

A cooperativa não visa o lucro, pois seu objetivo é trazer soluções para interesses comuns – no caso das cooperativas de crédito, a gestão da vida financeira dos cooperados. Por isso, consegue praticar taxas mais atraentes. Os valores são estabelecidos de acordo com os custos e a necessidade de investimentos. 

A cooperativa dá retorno para a sociedade

Toda cooperativa tem como um de seus princípios ajudar a comunidade onde está inserida a se fortalecer e desenvolver. Parte dos recursos arrecadados é destinada a projetos para o crescimento da própria região onde a cooperativa atua. Não à toa, nos países onde há cooperativismo forte, a qualidade de vida é maior. 

Você pode entrar ou sair quando quiser

A livre adesão é uma condição para participar de uma cooperativa de crédito. E se você achar que é o momento de sair, tudo bem. 

Como você vê, mesmo com quase 200 anos de tradição, as cooperativas estão alinhadas ao que há de mais contemporâneo na economia solidária, movimento que prioriza a relação de proximidade entre as pessoas. O nosso desafio como porta-vozes do setor é abrir mão do cooperativês, como chamo a linguagem técnica que muitas vezes usamos, e traduzir para o maior número de pessoas como funciona essa forma de organização baseada na união por objetivos comuns e na partilha dos resultados. 

Compartilhe

CEO de cooperativa de crédito, autor de livros sobre cooperativismo e Influenciador Coop do Sistema OCB.

Leia também

Receba notícias no seu e-mail